terça-feira, 31 de março de 2009

O ANTIGO CONTO DO VIGÁRIO FOI SUBSTITUÍDO PELO CONTO DO PASTOR

TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Ariovaldo Ramos

Quando, na década de 80, a teologia da prosperidade chegou ao Brasil, ela veio como uma nova tese sobre a fé, prometia o céu aqui para o que tivesse certo tipo de fé. As promessas eram as mais mirabolantes: garantia de saúde a toda prova, riqueza, carros maravilhosos, salários altíssimos, posições de liderança, prosperidade ampla, geral e irrestrita. Lembro-me de, nessa época, ter ouvido de um ferrenho seguidor dessa teologia que, quem tivesse fé poderia, inclusive, negociar com Deus a data de sua morte, afirmava que, na nova condição de fé em que se encontrava, Deus teria de negociar com ele a data de sua partida para mundo dos que aguardam a ressurreição do corpo. Estamos, há cerca de vinte anos convivendo com isso, talvez, por isso, a grande pergunta sobre essa teologia seja: Como têm conseguido permanecer por tanto tempo? A tentação é responder a questão com uma sonora declaração sobre a veracidade desta proposição, ou seja, permanece porque é verdade, quem tem fé tem tudo isso e muito mais. Entretan to, quando se faz uma pesquisa, por mais elementar, o que se constata é que as promessas da teologia da prosperidade não se cumpriram, e, de fato, nem o poderiam, quando as regras da exegese e da hermenêutica são respeitadas, percebe-se: não há respaldo bíblico. Então qual a razão para essa longevidade?
Em primeiro lugar, a vida longa se sustenta pela criatividade, os pregadores dessa mensagem estão sempre se reinventando, bem fez um de seus mais expoentes pregadores quando passou a chamar seu programa de TV de “Show da Fé”, de fato é um espetáculo ás custas da boa fé do povo. Mesmo os mais discretos estão sempre expondo o povo, em alguns casos, quando mais simplório melhor, em outros, quanto mais bonita, e note-se o feminino, melhor. Além disso, é uma sucessão de invencionices: um dia é passar pela porta x, outro é tocar a trombeta y, ou empunhar a espada z, ou cobrir-se do manto x, e, por aí vai. Isso sem contar o sem número de amuletos ungidos, de águas fluidificadas e de bênçãos especiais. Suas igrejas são verdadeiros movimentos de massa, dirigidos por “pop stars” que tornam amadores os mais respeitados animadores de auditório da TV brasileira.
Em segundo lugar, a vida longa se mantém pela penitência; os pregadores dessa panacéia descobriram que o povo gosta de pagar pelos benefícios que recebe, algo como “não dever nada a ninguém”, fruto da cultura de penitência amplamente disseminada na igreja romana medieval, aliás, grande causadora da reforma protestante. Tudo nessas igrejas é pago. Ainda que cada movimento financeiro seja chamado de oferta, trata-se, na prática, de pagamento pela benção. Deus foi transformado num gordo e avaro banqueiro que está pronto a repartir as suas benesses para quem pagar bem, assim, o fiel é aquele que paga e o faz pela fé; a oferta, nessas comunidades, é a única prova de fé que alguém pode apresentar. Na idade média, como até hoje, entre os romanos, Deus podia ser pago com sacrifícios, tais como: carregar a cruz por um longo caminho num arremedo da via “crucis”, ou subir de joelhos um número absurdo de degraus, ou, em último caso, acender uma velinha qualquer, não é preciso dizer que a maioria escolhe a vela. Mas, isso é no romanismo! Quem quer prosperidade, cura, promoções, carrões e outros beneplácitos similares tem de pagar em moeda corrente, afinal, dinheiro chama dinheiro, diz a crença popular. E tem de pagar antes de receber e, se não receber não pode reclamar, porque Deus sabe o que faz e, se não liberou a bênção é porque não recebeu o suficiente ou não encontrou a fé meritória. Esses pregadores têm o consumidor ideal.Em terceiro lugar são longevos porque justificam o capitalismo, embora, segundo Weber, o capitalismo seja fruto da ética protestante, (aliás, a bem da verdade é preciso que se diga que o capitalismo descrito por Max Weber em seu livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” não é, nem de longe, o praticado hoje, que se sustenta no consumismo, enquanto aquele se erguia da poupança, além disso, como sociólogo, Weber tirou uma foto, não fez um filme, suas teses se circunscrevem a sua época e nada mais) a fé, de modo geral, evangélica nunca se deu bem com a riqueza. A chegada, porém, dessa teologia mudou o quadro, o capital está, finalmente, justificado, foi promovido de grilhão que manieta a fé em troféu da mesma. Antes, o que se assenhoreava do capital tornava-se o avaro acumulador egoísta, agora, nessa tese, é o protótipo do ser humano de fé. Antes, o que corria atrás dos bens materiais era um mundano, hoje, para esses palradores, é o que busca o cumprimento das promessas celestiais. Juntamente com o capitalismo, essa mensagem justifica o individualismo, a bênção é para o que tem fé, ela é inalienável e intransferível. Eu soube de uma igreja dessas que, num rasgo de coerência, proibiu qualquer socorro social na comunidade para não premiar os que não tem fé. Assim, quem tem fé tem tudo quem não tem fé não tem nada. Antes, ter fé em Cristo colocava o sujeito na estrada da solidariedade, hoje, nesse tipo de pregação, o coloca no barranco da arrogância. Toda “esperteza” está justificada e incentivada. Não é de estranhar que ética seja um artigo em falta na vida e no “shopping center” de fé desses “ministros”.Mas, o que isso tudo tem gerado, de verdade? Decepção, fragorosa decepção é tudo o que está sobrando no frigir dos ovos. As bênçãos mirabolantes não vieram porque Deus nunca as prometeu, e Deus não pode ser manipulado. O sucesso e a riqueza que, porventura, vieram foram mais fruto de manobras “espertalhonas”, para dizer o mínimo, do que resultado de fé. Aliás, para muitos foi ficando claro que o que chamavam de fé, nada mais era do que a ganância que cega, o antigo conto do vigário foi substituído pelo conto do pastor. Gente houve que ficou doente, mas, escondeu; perdeu o emprego, mas, mentiu; acreditou ter recebido a cura, encerrou o tratamento médico e morreu. Um bocado de gente tentando salvar as aparências, tentando defender os seus lideres de suas próprias mentiras e deslizes éticos e morais; um mundo marcado pela esquizofrenia. O individualismo acabou por gerar frieza, solidão e, principalmente, perda de identidade, porque a gente só se torna em comunidade. Tudo isso acontecendo enquanto muitos fiéis observavam o contraste entre si e seus pastores, eles sendo alcançados pela perda de bens, pela angústia de uma fé inoperante, pela perda de entes queridos que julgavam absolutamente curados e os pastores enriquecendo, melhorando sensivelmente o padrão de vida, adquirindo patrimônio digno de nota, sendo contado entre o “jet set”, virando artistas de TV, tudo em nome de um evangelho que diziam ter de ser pregado e que suas novas e portentosas posses avalizavam.
E onde estão estes decepcionados? E para onde estão indo os seus pares? Muitos estão, literalmente, por aí, perderam aquela fé, mas não acharam a que os apóstolos e profetas da escritura judaico-cristã anunciaram; ouviram o nome Cristo, mas não o encontraram e pararam de procurar. Talvez, estejam perdidos para evangelho; para sempre. Outros, no meio de tudo isso foram achados por Cristo e estão procurando pelo lugar onde ele se encontra. Para os primeiros não há muito que fazer a não ser interceder diante do Eterno, para que se apiede dos que foram vergonhosamente enganados; para os que estão a procura, entretanto, é preciso desenvolver uma pastoral. Eles não estão chegando como chegam os que estão em processo de reconhecimento de Deus e do seu Cristo. Estão batendo às portas das comunidades que julgam sérias com a Bíblia a procura de cura para a sua fé, para a sua forma de ser crente, para a sua esperança de salvação, para a sua falta de comunidade e para a sua confusão doutrinária. Precisam, finalmente, ver a Jesus Cristo e a si mesmos; precisam, em meio a tanta desinformação encontrar o ensino, em meio a tanto engano recuperar a esperança. Necessitam de comunidade e de identidade, de abraço e de paciência, de paz e de alento, de fraternidade e de exemplo, de doutrina e de vida abundante. Quem quer que há de recebê-los terá de preparar-se para tanto, mesmo porque, ainda que certos da confusão a que foram expostos, a cultura que trazem é a única que têm e, nos momentos de crise, de qualquer natureza, será a partir desta que reagirão, até que o discipulado bíblico construa, com o tempo, uma nova e saudável cultura. Hoje, para além de tudo o que encerra a sua missão, a Igreja tem de corrigir os erros que, em seu nome, e, em muitos casos, sob a sua silenciosa conivência, foram e, ainda, estão sendo cometidos.
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É rídiculo tudo isso acontecer, inclusive entre aqueles que dizem ter a palavra de Deus em suas vidas, mas o que percebe-se é que o seu deus é o próprio ventre, vivem correndo atrás de gente ignorante que vive desiludida, pois a própria cultura o empurra para querer ser como aqueles que detém o poder, aqueles que a mídia mostra como sendo exemplos a ser seguido e ao chegar nestes centros de manipulações acabam por cairem no "conto do pastor" que se diz o representante de Deus aqui na terra e se coloca como um ente inquestionável, daí segue sugando o sangue dessa gente famélica e comendo os seus caviares e viajando em suas BMW, afinal fora presente de deus. E segue a vida de exploradores e explorados.
E ainda é possível que passem muitos por aqui embevecidos com o ópio da religião e me chame de herege.
Hebreus 10:5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste; Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste, nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste (coisas que se oferecem segundo a lei), Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus.

domingo, 29 de março de 2009

AS VINHAS DA IRA E A NOSSA REALIDADE

Não iremos nos vender, temos um lado, o da classe trabalhadora!!!

Induzido pelo Scapi, fui saber um pouco mais sobre o filme e...

AS VINHAS DA IRA - FILME

Baseado na obra de John Steinbeck, o filme conta a história de uma família de trabalhadores rurais pobres durante a Grande Depressão (crise) nos Estados Unidos. Buscando oportunidades de uma vida melhor, Joad, O filho mais velho de uma família de trabalhadores rurais pobres retorna para casa após cumprir pena (homicídio involuntário), descobre que sua familia teve suas posses desapropriadas por um banco e todos de seu vilarejo (inclusive sua familia) estão de partida para a Califórnia em busca de uma nova oportunidade de emprego e esperança. Vai com sua família em uma pequena caminhonete, de Oklahoma para a Califórnia, onde dizem ser um lugar com maior prosperidade e oportunidades de trabalho. Durante a viagem eles se deparam com a nova realidade. Imagine um cortejo de 60 mil caminhonetes através da estrada mais famosa dos EUA, transportando cerca de 500 000 pessoas, todas com o mesmo destino, todas pelas mesmas razões. Ao mesmo tempo em que descobrem que o lugar onde estão indo pode ser pior do que o que deixaram para trás. O filme descreve a vida de pessoas comuns que tentam preservar a sua humanidade face ao desespero econômico e social que atinge o país naquele momento de crise.
Um movimento migratório que praticamente assumiu proporções de catástrofe humanitária em condições verdadeiramente cruéis, cujo dramatismo nos é transmitido nesta obra de forma sublime, mas chocante também.

O autor decidiu, portanto, retratar tudo o que observou nessa migração, através da história da família Joad, que nem sequer importa se a encaramos como história de ficção ou não, porque no fundo a história dos Joad é a história de qualquer família americana que viveu aquela situação, que fez parte da realidade Histórica dos EUA na época da Grande Depressão e era, portanto, a realidade pura, pelo que os nomes das personagens poderiam ser quaisquer outros e verdadeiros.
Os Joad eram pequenos lavradores rendeiros em Sallisaw no estado de Oklahoma, que tal como centenas de milhares de outros lavradores na mesma situação, depois de terem recorrido ao crédito bancário em anos sucessivos de culturas deficitárias devido às intempéries, ficaram de tal forma endividados e arruinados que foram forçados pelos bancos ou pelos senhorios a abandonar as suas terras.
Incapazes de lutar contra os bancos e as grandes companhias proprietárias das terras (devido não estarem organizados e cada um pensando somente em sua própria família, sob o artifício do velho liberalismo), todas essas famílias foram assim forçadas a emigrar para a Califórnia em busca de trabalho.
Os Joad, tal como tantas outras dessas famílias na mesma situação, juntaram então as parcas economias que ainda tinham, reuniram a família e carregaram os seus pertences numa pequena e velha caminhonete que haviam adquirido, e partiram através da ROUTE 66 em direção à Califórnia, abandonando com grande desgosto a sua terra e a sua casa.
O título do filme já possui uma imensa simbologia: As vinhas da ira. As vinhas são o verde vale da Califórnia, onde há produção de uva , que representam a fartura, o alimento, o trabalho e o bem-estar que delas deverão resultar. A ira é o sentimento de frustração e dor que os retirantes sentem em relação à falsa Canaã, pois percebem que foram atraídos para uma falsa Terra Prometida, e que a exploração do homem pelo homem continua intensa causando injustiça social, violência moral e física.
O filme retrata a situação do homem diante das dificuldades, a pobreza e a privação em um universo feroz. Fala da luta do homem contra as dificuldades, contra as adversidades e a esperança que este homem possui mostrando a sua força e capacidade de lutar e de resistir.
As Vinhas da Ira mostra como ocorreu o processo de proletarização ou a condição de proletariedade dos pequenos agricultores americanos, isto é, o processo social pelo qual os indivíduos de camadas superiores perderam seu status social tornando-se proletários. “A matriarca da família embora enfrente situações humilhantes é uma mãe batalhadora, de personalidade forte e com uma dignidade infinita”. As frases finais desta mãe são repletas de força e de lirismo: "A gente rica vem e morre. E seus filhos não prestam. Também acabam morrendo. Mas nós continuamos. Nós somos o povo que vive. Eles não podem nos vencer. Continuaremos para sempre, porque nós somos o povo", representa o confronto entre indivíduo e sociedade, através da epopéia da família Joad, expulsa pela seca dos campos de algodão de Oklahoma para tentar a sobrevivência como bóias-frias nas plantações de frutas do Vale de Salinas, na Califórnia.
Portanto, é um filme clássico e atemporal e se mudarmos a história de cenário perceberemos que a situação pela qual os personagens passam continua acontecendo com milhares de pessoas até hoje.
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Agora estamos vivendo em mais um momento dessa crise do capital que é cíclica e periódica, onde o capital se arma novamente em sua saída e irá colocar na conta da classe trabalhadora, pois é o que temos visto, o debate entre representantes da classe trabalhadora que na sua maioria já se renderam e seguindo de mãos dadas com a classe dominante vão inflamando a despolitizada classe com os seus pseudos discursos e conclamando-os ao consenso e a unidade para buscar soluções para os problemas da crise. E diga-se de passagem que a solução como já temos observado são: demissões, rebaixamento de salários, retirada de benefícios e tudo sem atritos.

Daí numa manifestão que se propõem a fazer querem sair da frente da FIESP e seguir em passeata da Av. Paulista até o Centro (Bolsa de Valores).

O que a CUT chama de mobilização pelo desenvolvimento? Querem protestar contra juros altos, como se fosse o problema? O pior é que muitos que se dizem de esquerda estão indo (nessa furada) só para sair na foto.

Veja essa vergonha em seus próprios sites :
http://www.fsindical.org.br/fs/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=4528; http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=2750

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DIANTE DOS COMENTÁRIOS DO FILME OBSERVEM AGORA O QUE ESTÁ EM CENA!

ENQUANTO ACONTECE O TAL SEMINÁRIO “O ABC DO DIALOGO E DO DESENVOLVIMENTO” AS EMPRESAS DEMITEM!!!

A Carta do ABC, 12 de março de 2009.

Nos dias 11 e 12 de março de 2009 em São Bernardo do Campo, o Seminário “O ABC do Diálogo e do Desenvolvimento” reuniu representantes dos trabalhadores, dos empresários e do poder público da região com os Governos Federal e Estadual e as principais Associações Patronais Nacionais com vistas a debater medidas de enfrentamento aos efeitos da crise econômica mundial, no Brasil e na região.
A partir das discussões ocorridas no primeiro dia do seminário, foram formados Grupos de Trabalho para debater os seguintes temas: crédito para a região, acesso a mercados e potencialidades, tributos, enfrentamento ao desemprego no ABC e relações de trabalho e trabalho decente.
Todos os consensos resultantes das discussões realizadas nos grupos de trabalho ou mesmo outros tópicos que merecem um período mais prolongado de debate comporão material de trabalho para a reinstalação imediata da Câmara Regional do Grande ABC, que será o fórum de articulação para a consolidação e implementação das propostas anexas a essa carta.
Uma vez restabelecida a Câmara Regional do Grande ABC, cabe aos atores da região cumprir seu papel histórico de romper os atuais paradigmas que têm posto à margem do desenvolvimento alguns setores econômicos, trabalhadores e empresas na região.
A crise uniu as diversas entidades regionais na busca de soluções para os problemas enfrentados nesse momento pelo Grande ABC. O sucesso de nossas ações permitirá que saiamos desta crise mais fortes e unidos do que quando entramos. O Grande ABC afirma que a crise será superada com a valorização da negociação, do trabalho, da produção, das pessoas e da cidadania, tendo como valores fundamentais a pluralidade, o respeito à pessoa humana e a democracia. http://juventudesolidaria.blogspot.com/2009/03/carta-do-abc-fecha-seminario-anticrise.html

Veja você mesmo no site: http://www.smabc.org.br/portal/mostra_materia.asp?id=12973


quinta-feira, 26 de março de 2009

KIERKEGAARD FILOSOFO OU RELIGIOSO?


SOREN KIERKEGAARD

O FILÓSOFO
Victor Eremita, Johannes de Silentio, Constantin Constantio, Hilarius Bogbinder, Anti-Climacus. Por trás desses pseudônimos curiosos escondeu-se o grande filósofo Soren Aabye Kierkegaard. Conhecido por levar uma vida solitária e isolada, Soren foi um dos fundadores da filosofia existencialista.
Filho de um próspero comerciante e de uma empregada doméstica, Soren recebeu desde cedo formação religiosa luterana.
Soren Kierkegaard, nasceu em 5 de maio de 1813 na capital dinamarquesa, Copenhague. O último dos filhos do comerciante Michael Pedersen Kierkegaard, originário da Jutlândia casado em segundas núpcias com uma doméstica. Quando Soren nasce, seus pais já eram relativamente idosos. Cinco de seus irmãos morreram antes dele e mesmo Soren viveu apenas 42 anos. O único sobrevivente dos irmãos tornou-se bispo luterano. Soren tivera um relacionamento muito difícil com seu pai, pois julgava ver a marca de um destino trágico e misterioso. Pois dizia ter seu pai uma obscura culpa, foi desse pré-suposto que Soren disse ser o "grande terremoto" de sua vida.
Não sabe-se ao certo o que tenha sido esta culpa paterna, mas fosse o que fosse determinou no relacionamento conturbado com seu pai, dessa “crise familiar” vêm desenvolver-se uma compreensão "existencialista" de sua vida.

Em 1837, conheceu Regine Olsen, com quem viveu uma história fabulosa. Logo após tê-la pedido em casamento, Soren desistiu de casar-se. Para justificar o rompimento, elaborou um complexo conjunto de razões, que incluíam suas crises depressivas e um histórico familiar de infortúnios e desgraças. Com o pretenso objetivo de salvar a reputação de Regine, fez com que parecesse à sociedade ter sido ela a romper o noivado. Fugiu então para Berlim, na Alemanha, onde passou seis meses.
Seu ser era habitado por um desgosto em relação à vida religiosa quase doentia que impregnava sua família, esta "crise existencial", essa busca pelo verdadeiro sentido divino da existência, o levara a romper um romântico noivado que durara aproximadamente um ano.
Mesmo apaixonado, Soren dizia estar fazendo um grande bem à noiva: “... nosso rompimento é um profundo ato de amor, ele não queria expor sua amada a angustia na sua busca espiritual, nem queria que o casamento fosse impecilho a isto, o que não o impediu de sofrer amargamente até o fim da vida a perda de sua paixão: "eu serei teu ou te será permitido me ferir tão profundamente, no mais íntimo de minha melancolia e de minha relação com Deus que, ainda que de ti separado, continuo sento teu". Segundo ele, não poderia viver a cômoda vida de um homem casado, pois um penitente, que se entregaria ao ideal cristão da vida com toda a radical seriedade lhe implicaria ser diferente. Não poderia estar incluso nessa ordem constituída pelo clero. Ele queria ser antes de qualquer coisa, cristão. Soren Descobriu mais tarde que Regine casara-se com o alto funcionário Johan Frederik Schlegel, mais tarde nomeado governador das Índias Dinamarquesas Ocidentais (atualmente território de Ilhas Virgens), mas Soren jamais a esqueceu, e alentava a esperança de que a resistência de todos à sua filosofia pudesse outorgar a ela um novo valor à sua vida, e assim, perdoá-lo pelos sofrimentos decorrentes do rompimento do noivado que, veio colocar parte da burguesia de Copenhague contra ele.
Após este momento traumático do noivado rompido, vem um grande período de profundidade literária. Soren passa a escrever a partir de sua experiência pessoal. No transcurso de sua filosofia vão se agregando aspectos de sua existência. Ele nutre período de profunda depressão, uma melancolia quase infinda. Onde, esta energia negativa, se transforma em inspiração para a produção literária que aborda temas diversos da existência humana.

Desde muito cedo, Soren foi vítima de preconceitos e toda sorte de agressividade. Tudo isso por causa de sua ferrenha crítica de toda a cultura européia e da filosofia hegeliana, bem como da filosofia romântica, naquilo em que elas demonstraram ser excessivamente parciais: a ênfase quase que exclusiva no universal e no coletivo em detrimento do individual. Isto parecia tirar - e, de fato, formava um pretexto ideal para tirar mesmo - a responsabilidade individual perante a própria vida, responsabilidade essa que também influi no social. Soren costumava dizer que seu tempo se caracterizava por uma ingênua aceitação das premissas burguesas e de idéias vindas de cima para baixo, sem questionamento. Tempo em que não se via quase nenhuma paixão e engajamento em valores espiritualmente significativos, criticando, por isso, a atitude preguiçosa e acomodada da Igreja. Ser cristão, para ele, significara seguir, de verdade, na prática, toda a práxis deixada por Jesus:"O Cristianismo é de uma seriedade tremenda (...). Ser Cristão é sê-lo no espírito, é a inquietude mais elevada do espírito (...)". Entretanto, depois de dois mil anos, "tudo se tornou superficialidade na cristandade atual". O que há é uma disputa calculada para se manter o poder de consciências, e Soren se choca diante da realidade última de que, dentre todas as chamadas heresias, ninguém se dê conta da mais perigosa e sutil de todas: a de "fingir ou brincar de cristianismo", como o fazem as igrejas católica e protestante.

Soren doutorou-se em Teologia aos vinte e oito anos em setembro de 1841 com a tese “O conceito de ironia em Sócrates”. Para ele, Sócrates era um pensador existencial, uma pessoa que focalizava toda a sua existência para dentro de sua reflexão filosófica. Sua crítica aos românticos estava exatamente neste ponto: eles não refletiam suficientemente sobre o ser enquanto unidade ou totalidade individual, ente existente e original, indivíduo responsável por sua própria vida. De igual forma, Soren voltou-se contra a filosofia de Hegel enquanto "sistema" que era usado como uma espécie de paradigma infalível que tenderia a explicar tudo.

Para Soren, as "verdades objetivas" e a "filosofia especulativa", quando voltadas ao externo - como na filosofia hegeliana - eram muito pouco significativas para a qualidade existencial do homem enquanto indivíduo. Mais importante que a busca de uma, ou algumas, verdade(s) geral(is), era a busca por "verdades" que fossem significativas para a vida de cada indivíduo, para cada um. Normalmente as pessoas que aderem rigidamente a uma teoria, e se orgulham de serem "objetivos", se esquecem que também são pessoas e que sua a adesão a um sistema teórico é mais uma questão de escolha e preferência do que de objetividade.
Soren também postulou que a verdade é subjetiva, pois o que é realmente importante é pessoal. O cristianismo é verdade? Esse é um grande exemplo de que existem questões que não podem ser encaradas do frio e mecanicista ponto de vista teórico ou acadêmico, eivado de preconceitos. "Para alguém que se entender como algo que existe, trata-se aqui de uma questão de vida ou morte. E isso não se discute simplesmente porque se gosta de discutir." (Gaarder, 1995). Em outras palavras, e usando outro exemplo, quando você cai na água, não fica teorizando sobre sua composição, ou se vai ou não se afogar. Você caiu na água e neste instante você tem de fazer alguma coisa pra se manter vivo. Tem de encarar o momento e experimentar um modo de usá-lo em proveito próprio. Quanto à questão do Cristianismo, é preciso distiguir entre a questão filosófica de saber se Deus existe e a relação do indivíduo para com essa mesma questão. Cada um vai ter de enfrentar, ou não enfrentar, tais questões sozinhos. E, além disso, temos nossas emoções e nossas crenças. Soren não considera essencial àquilo que somos capazes de compreender apenas com a razão. Apesar de ser uma verdade universal de que três vezes quatro sejam doze, o que mais nos importa é se a vida tem algum sentido, se existe um Deus, etc. Não são verdades genéricas e racionais o que mais nos interessa, mas o que é existencialmente significativo. Saber se alguém que estimamos também gosta da gente é algo significativo e envolvente.

Em 1843 escreve Enten, Eller (A alternativa), nesta obra é que se encontra o Diário de um sedutor.
Neste mesmo ano publica Temor e Tremor. Obra que é considerada a mais profunda onde comenta a história de Abraão empenhado em sacrificar seu filho Isaac para obedecer à ordem de Deus.
Ao mesmo tempo aparece Repetição, que trata do tempo e da felicidade.
Em 1844 escreve As Migalhas Filosóficas, que trabalha o paradoxo da fé.
Conceito de Angustia (1844), fala do pecado enquanto supõe o livre-arbítrio e a angustia da livre escolha dentre as possibilidades.
1845 – Os estágios sobre os caminhos da vida – nesta obra estão incluídos O Banquete (diálogo platônico), e Culpável e não culpável.
1846 – Post-Scriptum às Migalhas filosóficas.
1849 O Tratado de Desespero (reflexão sobre o pecado), traduzido também como: A Doença Mortal.
Seu último livro, A Escola do Cristianismo, é uma crítica à igreja. O autor se posiciona contra um teólogo chamado Martensen, e contra o Bispo de Mynster.
Em maio de 1855, funda um jornal: O Instante.

Todas estas obras são publicadas com pseudônimos como: Victor Eremita, Johannes de Silentio, Climacus e outros. Estes pseudônimos possivelmente são para se proteger de sua briga com o bispo da Igreja Luterana. Neste mesmo período Soren também publica mais de 24 discursos com seu próprio nome. Apesar de seus pseudônimos a obra de Soren se torna célebre, o fim de sua vida é bastante conturbada com polêmicas com os representantes da igreja oficial.

Em 02 de outubro de 1855 passa mal na rua e é levado ao hospital. Internado, rejeita tomar a comunhão das mãos de um padre, afirmando que os padres são apenas funcionários de uma instituição e não são testemunhas do cristianismo. Soren queria tomar a comunhão, mas esta não poderia ser das mãos de um clérigo, antes queria que fosse ministrada pelas mãos de um leigo. Soren tinha uma boa relação com Deus, mas não aceitava a igreja.

Emilio Boesem, amigo que o assistia no hospital, escreve por Soren, uma palavra de despedida dizendo como foi sua vida de solidão e seu destino. Em 11 de novembro de 1855, prematuramente, morre Soren com 42 anos. Depois de sua morte a igreja Luterana tenta apropriar-se de seu corpo (apesar de em toda sua vida ter negado religião oficial), porém os jovens dinamarqueses não permitiram.

CONCEITO DE DEUS

“O importante é entender –me a mim mesmo, é perceber o que Deus realmente quer que eu faça; o importante é achar uma verdade que é verdadeira para mim, achar a idéia em prol da qual posso viver e morrer” Journals p.44. In Filosofia e Fé Cristã, Colin Brown

Em 1848, Soren passou pela experiência de conversão e registrou em um de seus Jounals o seguinte testemunho: “A totalidade do meu ser está transformada... Mas a crença no perdão dos pecados significa crer que aqui no tempo o pecado é esquecido por Deus, que é realmente verdade que Deus o esquece.” Soren se opunha a Hegel e ridiculariza os argumentos abstratos da metafísica especulativa. Ele escreve sobre Hegel em 1850:

“Quantas vezes demonstrei que fundamentalmente Hegel torna os homens em pagãos, em raça de animais com o dom do raciocínio. No mundo animal, pois, "indivíduo” sempre é menos importante do que raça. Mas a peculiaridade da raça humana é: justamente porque o indivíduo é criado à imagem de Deus, o “indivíduo” está acima da raça. Isto pode ser entendido erroneamente e terrivelmente abusado, reconheço. Mas isso é o cristianismo. E é aí que a batalha deve ser travada.” Journals.
Surge no conceito de Deus no pensamento de Soren, uma palavra chave: o amor. É por amor que Deus deve decidir-se eternamente a agir, mas como seu amor é a causa, seu amor deve também ser o fim. Deus quer restabelecer a igualdade entre Si e o homem (discípulo), assim com um rei que se apaixona por uma plebéia. Tal idéia per si é incongruente, mas o rei é o rei, acima de tudo. Segundo Soren, “Deus encontra sua alegria em vestir ao lírio com mais esplendor que Salomão” (Fragmentos Filosóficos, p. 59). O amor de Deus não somente ensina, mas também leva a um novo nascimento do discípulo, passando do não ser ao ser, pois “o fazer nascer pertence a Deus cujo amor é regenerador” (Fragmentos, p. 68).

Deus busca a unidade, de Si com o não ser do homem. Assim, “para obter a unidade, Deus deve se fazer igual ao seu discípulo”, e para isto toma a forma de servo. Deus sofre a fome, o deserto, tudo experimenta por amor ao discípulo. Soren afirma que só Deus pode salvar o indivíduo do desespero: “Deus pode a todo instante...” (Chaves, Odilon. Sofrimento e Fé em Soren, 1978. p. 36). Não seria também por isso que ele afirma que se deve “tremer” diante de Deus? “É impossível enganar a Deus, Ele é o onisciente, o onipotente” (Attack Upon Christendom, p. 255). E ainda, “Ele é o único que tem uma verdadeira concepção do infinito que Ele é” (Attack Upon Christendom, p. 255).

Por outro lado, Soren menciona ser fácil o enganar a Deus. Não que Deus não notaria a “presença” do homem tentando agradá-lo. Deus, na verdade, cria uma situação na qual o homem, se ele quiser, pode “enganar” a Deus. Como isto é possível? Deus permite que o homem sofra para que ele perceba que é um abandonado de Deus, e que tenta enganá-lo, e, se Deus, na opinião do homem não está atento para este fato, o homem enganou a Deus (Attack Upon Christendom, p.256). Por isso diz Soren: “Tremei!”

No tocante à justiça de Deus, Soren diz que cada criminoso, cada pecador, que pode ser punido neste mundo, pode também ser salvo para a eternidade. Na eternidade, o que será lembrado? O sofrer, aqui, pela verdade. Todas as transações neste mundo têm como filtro o intelectualismo e a espiritualidade, sendo Deus nos Céus o parceiro.

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Supostamente o grande problema do filósofo Soren é a lembrança de um ato de seu pai que o acompanhara por toda a vida. O dinamarquês considerava-se herdeiro do pecado paterno e admitia o fardo causado em sua consciência pelo ato desesperado de seu pai, acreditando que isto transformara toda a sua compreensão do mundo:
“O horrível que sucedeu àquele homem que um dia, quando criança, ao guardar os carneiros nas planícies da Jutlândia, sofrendo fome e frio, subiu a uma elevação e amaldiçoou a Deus a esse homem não podia esquecer este fato, embora tivesse oitenta e dois anos”.


Os primeiros a traduzirem as obras de Soren Kierkegaard foram pastores alemães em disputas com a “igreja”, por isso é que por muito tempo via-se nele um religioso.
Na França ele era visto como o escritor e seus romances “sedutor”, daí na França é um outro Soren Kierkegaard.
No Brasil dificilmente se acha traduções deste filosofo há muitos fragmentos, o que já nos é bastante interressante lê-lo e ver como era seu mundo e compará-lo ao nosso.

quinta-feira, 19 de março de 2009

História de Luta - Zumbi

Zumbi dos Palmares (1655-1695), é maior símbolo da resistência negra contra a escravidão. Criado pelo padre Antônio Melo, aos 15 anos, fugiu para Palmares e adotou o nome Zumbi, que significa guerreiro. Pouco depois, se tornou líder do Quilombo, comandando a resistência contra os portugueses, que durou 14 anos. Com a destruição de Palmares, escondeu-se na matam nas foi assassinado em uma emboscada. Seu corpo foi mutilado e a cabeça enviada para Recife, onde ficou exposta em praça pública.
Palmares surgiu no final do século 16, quando os primeiros negros ali se refugiaram, em busca de liberdade. Em 1630, as autoridades pernambucanas calculavam que o Quilombo de Palmares contava com uma população superior a 3 mil pessoas, o que representava uma alternativa à sociedade colonial. As decisões mais importantes eram tomadas em assembléias, da qual todos participavam. Na metade do século 17, Palmares já contava com onze povoados e mais de 30 mil habitantes.
Nos engenhos e senzalas, Palmares era sinônimo de Terra Prometida, e Zumbi, considerado imortal, era visto como seu guardião fiel e valente. Para destruir o quilombo, o poder colonial organizou dezesseis expedições oficiais. Quinze fracassaram.
As montanhas pareciam intransponíveis. E o que as montanhas não faziam ficava por conta dos negros e de suas estratégias militares. O exército de Palmares era competente, embora carente de armas e munições. Tinha estabelecido seu quartel- general em Subupira, um povoado de oitocentas casas, todas elas cercadas de madeira, pedras e armadilhas. Chegar até Subupira era muito difícil. Superar os obstáculos e entrar na fortaleza, quase impossível.A tarefa de destruir Palmares foi confiada pelo governador de Pernambuco a Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista sem escrúpulos, especialista na caça aos índios e líder de uma tropa de renegados. Um bispo da época deixou escrito que Jorge Velho era um dos maiores selvagens com quem ele tinha topado. Comandava um pequeno exército de 2 mil homens, armados de arcos, flechas e espingardas.Em 1695, se preparou para a ação decisiva. Depois de ultrapassar mil barreiras, chegou a Macaco, descarregando contra a comunidade todo o seu poder de fogo e toda a sua raiva. A cidade resistiu durante 22 dias. Zumbi, depois de lutar bravamente, fugiu e se escondeu. Pôde ser capturado e morto só depois de ter sido traído por companheiros. A data: 20 de novembro de 1695. (Jõao Munari, p. 19)
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Infelismente nossa luta hodierna está comprometida ou melhor enfraquecida devido a falta de conhecimento do nosso povo, pois são manipuláveis pela mídia que nos informa e assim vai-se aceitando tudo que é imposição disfarçadas em discursos máquiados.
Por isso é que não se conhece as lutas e os lutadores que mudaram nossa história e deixou para a posteridade os beneficios que temos, mas por desconhecer e não sermos informadas o pouco que se fala ainda distorcem e informam conforme lhes interessam.
Mude! Lute! una-se aos que querem resistir a este sistema que só tem um lado e que não está do nosso lado.