sábado, 31 de janeiro de 2009

O BEM

O bem

O bem sabe esperar. Paciente, aguarda que a serralheria se esvazie dos homens que forjam grilhões. O bem é delicado. Frágil, precisa de proteção. Simples, não cobra cuidados.
O bem vive na alça mais escondida da alma, na alcova do afeto. Nasce na medula do espírito. Para sobreviver, não precisa das estruturas do poder. Dissolve-se em água salgada. Discreto, não carece de luz, como as mariposas.
O bem corteja. Atrai por suas insinuações. Seduz nas mãos delicadas da fisioterapeuta que exercita o ancião, no rosto da assistente social que pesa a criança subnutrida, no esforço do volutário que distribui cobertor para o exilado da enchente. O bem desce no conta gotas do sangue doado. Sua verdade pode ser atestada pelo empenho do médico norueguês que mora na Faixa de Gaza. É visto na disposição do jovem que marcha pela paz, mesmo quando o frio congelava a ponta do nariz e bombas de gás lacrimogênio o fazem prantear.
O bem escapou no pelourinho e há de resistir o perene massacre dos poderosos. Quando as cortinas do ódio o encobrem, meninos e meninas o encarnam. Os poetas enaltecem o bem. Celebrado nas catedrais e experimentado nos bordéis, é ao mesmo tempo humano e divino, angelical e terreno.


Ricardo Gondim





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Adimiro este ser humano, pensa e fala sempre sem temores. O mundo seria melhor se pensassemos e em verdade falassemos sem deixar de lado o amor e o respeito. Oxalá!

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